Candido Martins Advogados

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Pegamos a estrada menos percorrida

27.08.2021

Na última reunião semanal de advogados do escritório, a minha sócia Renata, encarregada de dividir os artigos mensais entre os advogados, comentou que ela faria o mês de julho (anteriormente designado a mim) para que eu pudesse escrever o artigo do mês de agosto, que é o mês de aniversário do escritório – 11 anos… Pensei comigo mesmo: qual seria o assunto desse artigo? Meu sócio Daniel sugeriu, então, que eu tomasse alguns Negronis para me inspirar, uma sugestão que eu iria considerar com carinho!

Isso foi segunda-feira. Na quinta da mesma semana, véspera de feriado, recebo um e-mail de um dono de uma empresa que meu cliente estava auditando para adquirir. Ao ler o e-mail (logo vou relatar o assunto), deparei-me com algumas perguntas singelas e objetivas. Por que fazemos o que fazemos? Qual o significado de tudo isso? Por que continuo com o escritório após 11 anos?

O e-mail foi um desabafo sincero e honesto. O empreendedor estava no hospital em um momento muito delicado de sua vida pessoal e refletiu um pouco do equilíbrio, ou falta dele, entre sua vida pessoal e profissional e a razão de ter decidido empreender em um ambiente tão hostil, mas com muitas oportunidades, como é o Brasil. Li outro dia uma frase adaptada do “Brasil não é para amadores” – “Brasil me obriga a beber”. Não vou entrar em detalhes do desabafo para preservar a pessoa e sua estória, mas fiquei muito comovido. Comecei a refletir sobre o propósito de ter criado o escritório e o que me motiva diariamente para mantê-lo com a mesma paixão e determinação desde o primeiro dia. Qual é a razão ou propósito (para usar uma palavra do momento) de tudo isso? Na mesma hora lembrei da dissertação existencial que escolhi escrever no último ano de escola, com o seguinte título: “Penso, logo existo”.

Não foi fácil, não é fácil e não será fácil. Quando tomamos a decisão de criar um escritório boutique de operações de fusões e aquisições sofremos muitas resistências. Apesar dos inúmeros argumentos contrários, mantivemos nossa decisão, a qual nunca foi colocada em xeque por nós, nossas esposas ou pelos demais sócios e integrantes do escritório. Apesar de todos os erros, acertos, desafios e conquistas dos últimos 11 anos (assuntos para uma tese de doutorado!), a convivência com todos do escritório, com os clientes e com os parceiros fez toda a diferença.

Aprendemos com os erros, valorizamos os acertos, enfrentamos os desafios e brindamos as conquistas. A emoção que sinto quando vencemos uma proposta ou quando fechamos uma operação é a mesma desse o primeiro dia do escritório. Até hoje lembro da ligação de um representante de um fundo (que ainda é nosso cliente), nos primeiros dias de Candido Martins, perguntando se poderíamos assumir 4 operações em andamento de outro escritório e se estaria disponível para uma conferência telefônica para discutir um acordo de investimentos no mesmo dia. Não hesitei em confirmar, apesar de estar na Europa com fuso de 5 horas à frente. Eu acordo todos os dias com a mesma vontade desde o primeiro dia e vou ao escritório (hoje, à minha mesa do home office) sorrindo! Provamos ao longo dos 11 anos que é possível competir com os grandes escritórios nas operações de fusões e aquisições com a mesma (ou até mais) excelência e, com certeza, muita mais dedicação e sempre buscando nosso principal valor: CUIDAR.

Voltando à estória do empreendedor e de seu desabafo. Logo após ler o e-mail, liguei para ele para conversar. Senti que ele queria simplesmente conversar. Um mero detalhe: ele não era meu cliente, mas a outra parte. Foram alguns minutos apenas ouvindo e depois ele simplesmente agradeceu a atenção e se despediu. Um gesto que está muito esquecido e espero que volte. Ouvir. Não simplesmente escutar o que está sendo dito, mas ouvir com atenção e empatia. Isso me lembra do clássico do cinema “Homens Brancos não sabem pular”, quando o ator Wesley Snipes fala ao ator Woody Harrelson que ele (na verdade, homens brancos) não sabe ouvir Jimi Hendrix.

Logo após o telefonema, comecei a me questionar se ao longo desses 11 anos abri mão de passar mais tempo com minha família ou se deixei de fazer alguma outra atividade em prol do escritório. Com certeza, sim. Porém, sem arrependimentos. O tempo livre que tenho com eles sempre aproveito ao máximo e estou (sou) feliz.

Acredito que a pandemia da Covid-19 nos forçou a repensar um pouco o que realmente importa em nossas vidas. Não preciso dizer que minha família (esposa e 3 filhos) são as pessoas que mais amo e valorizo cada dia! E, repensando a vida nesse período de pandemia, a conclusão que cheguei, foi essa: de que – ter fundado um escritório que busca CUIDAR dos clientes, também me permitiu conseguir gerenciar meu tempo para CUIDAR da minha família, e aproveitar os momentos com ela. Não estaria onde estou sem o apoio incondicional deles.

E, claro, não estaria aqui hoje se não tivesse fundado o escritório com meu querido sócio e amigo, Alamy. Sem ele, duvido que estaria onde estou, realizado pessoal e profissionalmente. E sei que ainda temos espaço para muitas mais realizações com o escritório, não só ao lado dele, mas de todos os seus integrantes. É com isso que estou contando quando olho à frente o que ainda está por vir!

Quando entrevistava um candidato para o meu time em outro escritório, perguntava as suas qualidades, seus defeitos e às vezes aplicava uma prova. Hoje, depois de perguntar de suas vidas profissionais e pessoais (sem entrar em muitos detalhes, é claro), concluo com uma pergunta simples: “o que te faz acordar todos os dias e ir trabalhar com a mesma vontade desde o primeiro dia?”

É isso. Nas palavras do sábio fazendeiro, “Bom ou ruim, difícil dizer”. Agora vou preparar meu segundo ou terceiro Negroni. Bom dia (ou boa noite)!

Por Henrique Martins,

Sócio de Candido Martins advogados.

[email protected]

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